A recente notícia de que os russos estão instalando abrigos de concreto armado na região de Kursk em locais de grande afluxo de pessoas visando aumentar a segurança dos moradores pode ser considerado por dois aspectos principais. O primeiro, mais difundido pela grande mídia, realça o poder ucraniano de infligir danos a população, no seu objetivo de solapar o moral russo.
Por outro lado, se olharmos para a História observaremos que, por mais de uma vez, a Rússia não se absteve de trocar terreno por tempo, desgastando as forças de invasores com linhas de suprimentos demasiadamente estendidas, inclusive com práticas de “terra arrasada”.
Se considerarmos a relativa pouca relevância estratégica e econômica das áreas ocupadas pelos ucranianos em sua recente invasão e o fato de os russos já terem assumido há muito que o conflito não se resolverá rapidamente, podemos vislumbrar a possibilidade de, ao invés de promover um esforço dispendioso para expulsar os invasores de seu território, simplesmente mantenham a contenção, provocando o desgaste de preciosas unidades ucranianas que tanta falta fazem no Donbass.
Numa recente reunião, o governo russo informou que 115.000 pessoas foram evacuadas de áreas perigosas e que foi destinado o valor equivalente a quase 2 milhões de dólares em moeda local para apoiar as regiões fronteiriças, incluindo o pagamento de auxilio a residentes e a organização das atividades educacionais para os alunos que deixaram as zonas de combate. Isso pode ser mais um indício de que o Kremlin trabalha com a possibilidade de uma longa ocupação ucraniana.
Caso este cenário se confirme, os ucranianos e seus aliados ocidentais terão que decidir entre tentar manter a ocupação de um território que pouca utilidade tem, além de uma pretensa “humilhação” do seu inimigo, com todos os custos operacionais envolvidos, ou recuar, reduzindo linhas de suprimentos e liberando unidades para tentar conter o lento, mas permanente avanço russo no Donbass.
Vamos aguardar…